Toda semana recebemos pais aflitos sobre o desenvolvimento de linguagem de seus filhos. Preocupados com o por que não falam direito, se vão demorar, se tem algum tipo de alteração mais significativa e principalmente querendo saber onde estão errando.
Sempre explico aos pais que excesso de amor e cuidados não são problemas, a omissão e o descaso sim.
Faço todo o levantamento para entender o desenvolvimento global e de linguagem da criança e faço uma pergunta crucial: “Como vocês agem quando não entendem o que a criança quer falar?”, ou “como vocês corrigem a criança?”
A resposta é unânime: “Pego o que ela me pediu e peço para ela repetir a palavra”, ou “Peço para ela falar a palavra X”. Acho muito divertido essa postura, pois fico imaginando o que a criança pensou enquanto os pais estão ali solicitando dela uma comunicação que já foi compreendida.
Vou explicar melhor! A criança muitas vezes não tem nem noção de que não está sendo entendida, pois ela sempre alcança o que precisa, mesmo muitas vezes não conseguindo dizer isso com palavras e aí após alcançar esse objetivo os pais pedem que ela fale, mas para que falar se eles já entenderam?
Sempre falo para os pais: “ Se todos os dias seu marido (ou esposa) te leva café na cama, qual dia você levantará para fazer café?”, provavelmente nunca e ainda irá reclamar se ele falhar algum dia. Isso porque nós gostamos do comodismo, gostamos que façam por nós e a criança não é diferente.
Então para resumir: Se você entendeu o que a criança queria, lhe entregou o que ela solicitou por que ela precisa falar do jeito que você quer? Ela deve pensar: “Aff, não sacrifica!”
Quer ajudar seu filho? Estranhe a fala dele, peça para que ele tente falar de uma nova forma, que tente falar o que quer, caso ele não consiga falar nada, peça para que ele mostre e então mostre para ele como sua boca se movimenta, quais sons você faz e diga que não o entendeu porque ele não fez igual.
Isso fará com que o cérebro da criança saia do lugar de comodismo e passe a se esforçar mais para alcançar seus objetivos. Pode ser que na hora ela nem repita, nem tente falar, mas quando você menos esperar ela estará treinando em algum canto, passando a olhar mais para sua boca e se aventurando a novos sons.
Nada como ter o apoio dos pais para iniciar novos voos!
Cristina Galante
Fonoaudióloga
CRFª 2 - 13889
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